Corinthians Pelotense Futebol Feminino – Preconceito
Segundo vários sites de futebol feminino, o Araguari Atlético Clube, de Minas Gerais, é considerado o primeiro time do Brasil a formar uma equipe feminina, que em meados de 1958, selecionou 22 meninas para um jogo beneficente.
O sucesso desta partida foi grande que a revista “O Cruzeiro” fez matéria de capa sobre o acontecimento, pois até então, partidas femininas só ocorriam em circos ou jogos de futsal. Em meados de 1959 a equipe feminina do Araguari foi desfeita, por pressão dos religiosos de Minas Gerias.
Na cidade de Pelotas no Rio Grande do Sul, muito antes, no ano de 1950, existiam dois times de futebol, estruturados e bem organizados, Corinthians Pelotense e Vila Hilda.
Não fosse o preconceito da sociedade de outrora, o confronto entre os times do Corinthians Pelotense e da Vila Hilda, quem sabe, seria atualmente o maior clássico do futebol feminino no Brasil. As duas equipes formadas em Pelotas, em 1950, foram às pioneiras do país na modalidade. Chegaram, inclusive, a ganhar destaque nacional pelo ineditismo. Porém, antes que pudessem incluir definitivamente as mulheres na prática bretã, as atletas pelotenses foram jogadas para escanteio pelas autoridades esportivas da época.
De acordo com a edição do Diário Popular (Pelotas) de 23 de novembro de 1950, foi naquele dia que “estourou a bomba”. A reportagem conta que “os esquadrões se achavam no mais intenso labor”, quando o Conselho Nacional de Desportos (CND), em nota oficial, anunciou a proibição de jogos de football feminino em todo o país, afirmando que aquele esporte não combinava com a formação física do “belo sexo”.
Essa atitude conservadora, provavelmente explique, com os seus reflexos, a distância entre o sucesso do futebol masculino e o feminino no Brasil. A notícia foi estarrecedora, e acabaram com todo o processo de crescimento dos times pelotenses, já estavam confirmados jogos em São Paulo e Rio de Janeiro.
Pelotas foi totalmente inovadora no que se refere ao futebol feminino, porém este fato não é muito divulgado o que certamente poderia promover a cidade como percussora da modalidade.
Atualmente o futebol feminino vem crescendo no país de forma lenta é verdade, mas já temos campeonatos bem estruturados, tanto nos estados como o campeonato nacional.
Por exemplo, de forma individual, conhecemos a jogadora de futebol alagoana Marta. Mais que isso, os brasileiros têm orgulho de ela ter sido apontada como a melhor do mundo cinco vezes seguidas e, por isso, os seus são os únicos pés femininos impressos no cimento da calçada da fama do Estádio do Maracanã.
O Conselho Nacional de Desportos, em 1964, ainda proibia o futebol às mulheres. Em 1981, muda de ideia e permite, mas “desde que não profissional”. Tudo indica que, por aqui, as coisas demoraram a acontecer. Na Inglaterra, em 1894, Nettie Honeyball fundou o Ladies Football Club, considerado o primeiro time feminino.
As mulheres gaúchas não tiveram paciência para esperar pela autorização oficial. Em Porto Alegre, num sábado de 1950, na Montanha – como era conhecido o Estádio do Cruzeiro, onde hoje é o Cemitério João XXIII -, houve o cotejo, como diziam os jornais da época, entre duas equipes femininas de Pelotas: Corinthians Pelotense X Vila Hilda.
